O interesse pelo clown manifesta-se nos anos sessenta. Segundo Lecoq (1987), o circo se transforma e o clown sai do picadeiro para as ruas, para o teatro. Muitos jovens desejam ser clowns; é uma profissão de fé e uma tomada de posição perante a sociedade. Ser clown significa mostrar as fraquezas pessoais ( as pernas finas, a orelha grande, os braços pequenos) e enfatizá-las, usando roupas diferentes daquelas que usualmente as ocultam. O fenômeno, para Lecoq, ultrapassa a simples representação e seu espetáculo. Torna-se um modo de expressão pessoal. O clown põe em desordem uma certa ordem e permite assim denunciar a ordem vigente. Ele erra e acerta onde não esperamos. Toma tudo ao pé-da-letra no sentido primário e imediato: quando a noite cai (bum!), ele a procura no chão e nós rimos de seu lado idiota e ingênuo.

O clown torna-se, com o tempo para Lecoq, um profissional que deve saber realizar seus fracassos com talento, trabalho e técnica. É um caminho puramente pedagógico e coloca o comediante numa situação para além da representação clownesca.

Temos, dentro da literatura, do cinema, do teatro, tipos ingênuos e desajustados que vêm acompanhando nossas vidas, entre eles: Charles Chaplin, Gordo e Magro, Buster Keaton, Jerry Lewis, Mazzaropi (Wuo, 1999, 2005).

Um comentário:

Michefix disse...

O Clown assim como outros artistas circenses chamam a atenção de diretores de teatro como Meyerhold e Copeau porque estes tinham qualidades artísticas que estes diretores sentiam falta no teatro. Estas qualidades são energia, preparo físico e vivacidade na cena. O artista circense está sempre em risco o que faz com que ele esteja sempre muito presente.
Quando chega no teatro o clown mostra que tem muito mais a oferecer do que o preparo e a presença, tem o resgate da essência do ser humano personificado na sua figura que é estúpida, tonta e desajeitada.
O clown é o retrato do homem, aquilo que ele não deseja ver, aquilo que ele quer esconder, a ignorância e a estupidez.
Tal qual um louco, o clown diz e faz tudo aquilo que deseja sem ser punido. E esta atitude é muito consciente e política, o que lhe confere uma grande responsibilidade junto a sociedade.