O interesse pelo clown manifesta-se nos anos sessenta. Segundo Lecoq (1987), o circo se transforma e o clown sai do picadeiro para as ruas, para o teatro. Muitos jovens desejam ser clowns; é uma profissão de fé e uma tomada de posição perante a sociedade. Ser clown significa mostrar as fraquezas pessoais ( as pernas finas, a orelha grande, os braços pequenos) e enfatizá-las, usando roupas diferentes daquelas que usualmente as ocultam. O fenômeno, para Lecoq, ultrapassa a simples representação e seu espetáculo. Torna-se um modo de expressão pessoal. O clown põe em desordem uma certa ordem e permite assim denunciar a ordem vigente. Ele erra e acerta onde não esperamos. Toma tudo ao pé-da-letra no sentido primário e imediato: quando a noite cai (bum!), ele a procura no chão e nós rimos de seu lado idiota e ingênuo.

O clown torna-se, com o tempo para Lecoq, um profissional que deve saber realizar seus fracassos com talento, trabalho e técnica. É um caminho puramente pedagógico e coloca o comediante numa situação para além da representação clownesca.

Temos, dentro da literatura, do cinema, do teatro, tipos ingênuos e desajustados que vêm acompanhando nossas vidas, entre eles: Charles Chaplin, Gordo e Magro, Buster Keaton, Jerry Lewis, Mazzaropi (Wuo, 1999, 2005).
Clown se traduz por palhaço, mas as duas palavras têm origens diferentes. Clown, no inglês, segundo Ruiz (1987), está ligado ao termo camponês “clod”, ao rústico, à terra. Já palhaço vem do italiano “paglia” (palha), usada para revestir colchões: a primitiva roupa do palhaço era feita do mesmo tecido grosso e listrado do colchão. Outra origem é “palhaço” na língua celta, que originalmente designa um fazendeiro, um campônio, visto pelas pessoas da cidade como um indivíduo desajeitado e engraçado (Masetti,1998). Para Fellini (1986), o palhaço é mais de feira e praça, o clown de circo e palco. Tessari coloca que, tanto na língua comum italiana quanto na linguagem especializada do espetáculo, hoje não existe nenhuma diferença entre a palavra palhaço e a palavra clown, pois as duas palavras se confluem em essências cômicas. A primeira, no entanto, é usada, às vezes, como insulto, significando estúpido, ridículo e exibicionista, ou para indicar o cômico do circo.