O interesse pelo clown manifesta-se nos anos sessenta. Segundo Lecoq (1987), o circo se transforma e o clown sai do picadeiro para as ruas, para o teatro. Muitos jovens desejam ser clowns; é uma profissão de fé e uma tomada de posição perante a sociedade. Ser clown significa mostrar as fraquezas pessoais ( as pernas finas, a orelha grande, os braços pequenos) e enfatizá-las, usando roupas diferentes daquelas que usualmente as ocultam. O fenômeno, para Lecoq, ultrapassa a simples representação e seu espetáculo. Torna-se um modo de expressão pessoal. O clown põe em desordem uma certa ordem e permite assim denunciar a ordem vigente. Ele erra e acerta onde não esperamos. Toma tudo ao pé-da-letra no sentido primário e imediato: quando a noite cai (bum!), ele a procura no chão e nós rimos de seu lado idiota e ingênuo.
O clown torna-se, com o tempo para Lecoq, um profissional que deve saber realizar seus fracassos com talento, trabalho e técnica. É um caminho puramente pedagógico e coloca o comediante numa situação para além da representação clownesca.

